segunda-feira, 28 de outubro de 2024

PARASHÁ BERESHIT – COMENTÁRIOS RABÍNICOS

 Introdução

Os rabinos, ao longo dos séculos, interpretaram os primeiros capítulos do livro de Gênesis (1 a 6) de maneiras que vão além de uma leitura literal. O entendimento rabínico sobre esses capítulos envolve discussões sobre a criação do mundo, a natureza humana, o pecado, e as origens da civilização. Aqui está um resumo das interpretações rabínicas mais comuns para cada seção principal:

Gênesis 1 e 2: A Criação

Dois relatos da criação : Os rabinos notaram as diferenças entre os dois relatos da criação. Em Gênesis 1, Deus cria o mundo em seis dias e abençoa o sétimo dia, o Shabat. Em Gênesis 2, a criação do homem e da mulher é narrada de forma diferente, e o jardim do Éden é introduzido.

A criação do homem e da mulher: No primeiro relato, o homem e a mulher são criados "à imagem de Deus" simultaneamente, enquanto no segundo, a mulher é criada a partir da costela de Adão. Os rabinos debatem esses relatos que descrevem diferentes aspectos da criação humana ou se têm significados simbólicos. Alguns textos sugerem que o primeiro homem (Adam Kadmon) representa a humanidade como um todo, e outros defendem uma lição de igualdade entre homem e mulher.

Significado do Shabat : O sétimo dia é entendido como um conceito de descanso universal, um convite a reflexão sobre a criação e consideração de Deus como Criador. Os rabinos veem o Shabat como uma lembrança semanal da perfeição da criação.

Gênesis 3: A Queda

A árvore do conhecimento: A história do fruto proibido e da desobediência de Adão e Eva é interpretada de várias maneiras. Alguns rabinos veem o "conhecimento do bem e do mal" como introdução de uma consciência moral e a liberdade humana.

O papel da serpente: A serpente é vista como uma personificação do yetzer hara (impulso do mal) ou como um teste para que os humanos tenham escolha moral.

A queda e o livre-arbítrio: Para os rabinos, o pecado original não é um pecado hereditário como no cristianismo, mas uma escolha individual que introduz o pecado e o sofrimento no mundo, sendo uma oportunidade para a humanidade exercer o livre-arbítrio.

Gênesis 4: Caim e Abel

O primeiro assassinato : A história de Caim e Abel é interpretada como uma reflexão sobre a inveja, o orgulho e a responsabilidade humana. Os rabinos discutem como o ato de Caim revela a natureza humana e os desafios do relacionamento com os outros.

"O sangue de teu irmão clama da terra": O plural no hebraico para "sangues" ("damei") é interpretado como referência ao fato de que não foi apenas Abel quem sofreu, mas também as futuras gerações que poderiam ter vindo dele, destacando a gravidade do ato.

Gênesis 5: As genealogias

Longevidade e descendência : Os longos anos de vida dos primeiros patriarcas são entendidos de forma literal ou simbólica. Alguns rabinos sugerem que as idades representam a pureza e a proximidade de Deus antes do dilúvio, enquanto outros dizem que representam a continuidade da tradição e do conhecimento ao longo das gerações.

Gênesis 6: A corrupção humana e os "filhos de Deus"

Os "filhos de Deus" : Esta expressão gera diferentes interpretações: alguns rabinos veem os "filhos de Deus" como anjos caídos, enquanto outros entendem como referências a governantes ou pessoas poderosas que abusaram de sua posição.

Corrupção e o dilúvio : A violência e a corrupção que precedem o dilúvio são vistas como o resultado de uma escolha contínua pelo mal, representando um mundo sem moralidade. O dilúvio, então, é visto como uma limpeza ou reinício, onde Noé e sua família seriam responsáveis ​​por recomeçar a humanidade com um compromisso renovado de justiça.

Conclusão

Esses capítulos, para os rabinos, ensinam lições sobre a moralidade, a criação divina, e a capacidade humana de escolha. Essas interpretações ajudam a construir uma visão de mundo onde o homem é chamado a agir com responsabilidade, a refletir sobre sua própria natureza, e a buscar a justiça e a harmonia com o Criador e a criação.


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